sexta-feira, 12 de julho de 2019


O seu Bebé inclina a cabeça sempre para o mesmo lado? 
Os Bebés podem ter torcicolos? 




Sim, os Bebés podem ter um torcicolo e inclinar a cabeça sempre para o mesmo lado! Sim, é doloroso! Sim, deve ser tratado! 

O esternocleidomastóideo (ECOM) é um músculo que se insere no crânio e é o grande responsável pelos torcicolos. Quando encurtado, esse músculo obriga o Bebé a manter a cabeça inclinada para esse lado e a olhar para o lado oposto. Essa tensão pode deformar o crânio, levar a escolioses, a disfunções da articulação temporomandibulares, a problemas oculares, digestivos, dores de cabeça, otites, alteração da fala e atraso do desenvolvimento psicomotor. As causas são variáveis desde postural (pré e pós natal), a lesão muscular por um parto difícil, a retrações fasciais vindas das vísceras, a alterações neurológicas ou por alterações ósseas cranianas. Todas essas possíveis causas devem ser despistadas. 

 Como detetar:
  • Palpação de uma massa (nódulo), dolorosa e móvel ao nível do pescoço (nem sempre presente);
  • O Bebé pode chorar quando se está a mexer na cabeça para vestir uma camisola, quando os Pais tentam posicionar correctamente a cabeça ou forçar um pouco a rotação da cabeça; 
  • O Bebé inclina a cabeça sempre para o mesmo lado;
  • Preferência por mamar sempre da mesma mama e dificuldade em mamar;
  • Os cuidadores ao rodarem a cabeça do bebé para um dos lados sentem rigidez (não quer rodar);

O torcicolo pode ter como causa uma rotura muscular do ECOM ou fibrose causada por essa mesma rotura. No período expulsivo movimento de torção e inclinação da cervical (pescoço) podem levar a lesão do ECOM. Essa lesão é detetada à posteriori por ecografia. Outra lesão que ocorre com alguma frequência é a fratura da clavícula que pode dar origem a um torcicolo. Retrações fasciais, tensões vindas das vísceras são outra das causas. Uma posição mantida a nível intrauterina ou extrauterina de inclinação e/ ou rotação cervical podem levar a um encurtamento do mesmo musculo. Má formações congénitas ósseas, oculares ou nervosas podem também estar na origem do torcicolo. Suturas cranianas que se encontram em compressão podem ser outra das causas do aparecimento de um torcicolo e são tratadas com osteopatia pediátrica.

Por vezes, os torcicolos parecem desaparecer de forma espontânea por volta dos 6 meses. Aos 6 meses o bebé ganha controlo de tronco (conseguem estar sentados). Ao ganhar controlo de tronco arranjam estratégias para manterem a cabeça mais direita ao inclinar ligeiramente o tronco para o lado oposto, no entanto, isso não significa que o problema tenha desaparecido. Agora o Bebé apresenta dois problemas, a cabeça e as costas que se inclinam para compensar. É necessário tratar para que uma escoliose (costas tortas) não se instale.

Como tratar um torcicolo:
  • Realizar tratamentos combinados de fisioterapia e osteopatia;
  • Recorrer ao babywearing como meio de transporte;
  • Caso a amamentação já esteja totalmente estabelecida podemos utilizar esse momento para convidar o Bebé a rodar/ inclinar a cabeça na posição contrária ao torcicolo. Por exemplo: no caso de um torcicolo à direita ficar um pouco mais tempo a mamar na mama esquerda.
  • Quando transportado ao colo preferir posições que convidem o Bebé a contrariar a sua posição natural. Por exemplo: um torcicolo à direita, a cabeça do Bebé repousa sobre o braço esquerdo do cuidador aumentado a inclinação esquerda (isto se o único elemento que chame à atenção do bebé for o cuidador);
  • Aplicar saquinhos que se aquecem no micro-ondas indicados para Bebés e colocar sobre a lateral do pescoço do Bebé. Antes de colocar testar a temperatura do saquinho no dorso da mão do cuidador.
  • Não aconselho os pais a forçar a rotação da cabeça do Bebé. Os bebés são extremamente frágeis. Essa prática deve ser orientada e supervisionada por profissionais competentes.  
  • Realizar uma massagem muito suave sobre os ombros do Bebé e a lateral do pescoço do Bebé durante 5 minutos;
  • Brincar com objetos sonoros. Bebé deitado de barriga para cima mover um objeto sonoro de um lado para o outro de modo a que o Bebé rode a cabeça de um lado para o outro.
  • Brincar com um assento giratório. Com o Bebé no colo de um dos cuidadores voltado para o outro cuidador, o “cuidador observado” vai chamar a atenção do Bebé com um objeto sonoro (gizo, palmas, esmagando uma garrafa plástica etc). O cuidador que se encontra sentado num assento giratório com o Bebé vai girando o assento mantendo a cabeça do bebé livre de modo a que este possa usar livremente a cabeça.
  • Ao pegar no Bebé ter cuidado para manter a cabeça do Bebé rodada e inclinada em posição oposta à sua tendência natural.
  • Alterar a posição do berço ou no berço. O Bebé tem tendência a olhar para onde se encontram os cuidadores, desta forma, posicionar o Bebé ao contrário no berço ou colocar o berço do outro lado da cama pode ajudar.  Colocar brinquedos coloridos e sonoros de modo a convidar o bebé a olhar para o lado que para ele é mais difícil;
  • Usar pequenos colares cervicais quando o Bebé se desloca na babycoque;
  • Cirurgia nos casos mais graves;


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